A primeira vez que vi um M-151 foi numa revista que falava sobre a guerra do Vietnam. Nessa época eu estava com mais ou menos 9 para 10 anos de idade e estava na desconfortável sala de espera de um dentista. A aparência daquele carro era tão estranha para mim, que até esqueci onde estava. Quando finalmente saí da sala pedi para ver se me davam a revista. Voltei para casa com a cara grudada nas páginas tentando ver detalhes e ver se no texto dizia alguma coisa sobre aquele carro tão diferente.
Na época (essa mania não é nova) eu já estava muito interessado em Jeeps de guerra e outras máquinas do gênero, tanto que já tinha uma pasta cheia de recortes de reportagens e fotos de carros militares. O que mais me chamou atenção no M-151 foi a grade na horizontal, pois todos os carros que eu já tinha visto, a tinham na vertical. Aliás, se formos olhar mais detidamente, só o MUTT teve, até hoje, a grade na horizontal. Abriremos um parêntese aqui para explicar o porquê disso. A Willys patenteou (mas foi a Ford que criou) a grade de cortes verticais do Jeep Militar. Por isso ninguém podia e até agora não pode usar uma grade dessas sem pagar os devidos direitos autorais.
Na época (essa mania não é nova) eu já estava muito interessado em Jeeps de guerra e outras máquinas do gênero, tanto que já tinha uma pasta cheia de recortes de reportagens e fotos de carros militares. O que mais me chamou atenção no M-151 foi a grade na horizontal, pois todos os carros que eu já tinha visto, a tinham na vertical. Aliás, se formos olhar mais detidamente, só o MUTT teve, até hoje, a grade na horizontal. Abriremos um parêntese aqui para explicar o porquê disso. A Willys patenteou (mas foi a Ford que criou) a grade de cortes verticais do Jeep Militar. Por isso ninguém podia e até agora não pode usar uma grade dessas sem pagar os devidos direitos autorais.
A história desse carrinho teve a sua origem na necessidade de substituir as séries M38 e M38A1 que foram uma espécie de tapa buraco depois da Segunda Guerra. Havia finalmente verba para pesquisa e um contrato foi fechado com a Ford em março de 1951 para o desenvolvimento de um carro sem as deficiências das séries anteriores. Em torno de maio de 1952, um veículo bem diferente do M38A1 (CJ-5 militar) saiu da fábrica e em junho do mesmo ano mais três unidades piloto foram testadas durante 48.000 km e devidamente modificadas de acordo com as necessidades. Mais seis protótipos designados XM151 foram entregues em junho de 1954.
Esses protótipos rodaram por mais de 185.600 km nos campos de prova de Aberdeen e do Comando do Exército Continental nas mais variadas condições de terreno e de tempo. Os testes operacionais terminaram no começo de 1956 mostraram que esse novo veículo era bem superior ao M38A1. Alguns dos itens apontados nos relatórios se referiam à melhora do desempenho, melhor direção, mais espaço para carga, melhor estabilidade, peso menor e melhor maneabilidade. Durante o inverno de 1955, o XM151 foi submetido aos testes em temperaturas sub-zero no Forte Churchill, em Manitoba, no Canadá. Ele se portou tão bem quanto o M38A1 em temperaturas de 45° abaixo de zero (brrrrrr!).
Em março de 1956 a Ford construiu quatro veículos já com as correções necessárias. Dois deles tinham carrocerias e chassis de alumínio e os outros dois eram construídos em aço. Os modelos em alumínio eram cerca de 125 kgs mais leves do que os de aço. Os modelos em aço receberam as designações de XM151E1 e os de alumínio, XM151E2.
O famoso problema do peso, que sempre assombrou os projetistas, parecia que estava sendo gradativamente eliminado. O modelo em aço era 15% mais leve que o M38A1, e a redução não tinha sido conseguida em prejuízo do desempenho. Outros testes dos XM151E1 começaram em fevereiro de 1957 em Aberdeen e no Arsenal de Detroit. Os modelos em alumínio chegaram a Fort Knox e Aberdeen em julho de 1957. O modelo XM151E1 (aço), representando o que melhor se poderia obter, pelos testes feitos até então, foi homologado como Veículo Utilitário Padrão M151 em 11 de julho de 1957. O M38A1, substituído, foi reclassificado como "padrão limitado".
Antes de se ordenar a produção em massa, os protótipos tiveram que passar pelos testes das armas usuárias. As deficiências encontradas poderiam ser corrigidas antes de ser iniciada a produção em série.
O modelo em alumínio, com apenas 4.886 km de testes, programados para 12.160 km, apresentou tamanho número de rachaduras na carroceria e estrutura, que os testes foram cancelados em 13 de agosto de 1957. A investigação dos danos e estudos para sua correção levou a conclusão que as modificações exigidas iriam ser muito dispendiosas e alterariam muito o veículo. No começo de 1958 o modelo em alumínio foi abandonado.
Após um rigoroso teste de 49.404 km, o relatório final de engenharia sobre o modelo em aço foi apresentado em junho de 1958, relacionando deficiências e recomendando mudanças. O M151 começou a ser produzido em massa em 1959.
O M151 é mais largo e mais baixo que o M38A1. Isso, pela lógica, deveria dar mais estabilidade, mas aconteceu exatamente ao contrário. A construção, por ser integral, ou seja, chassis e carroceria formando uma única peça fazem com que o conjunto não tenha a elasticidade necessária para absorver as deficiências do terreno, fazendo com que em curvas fechadas e em velocidades bem baixas ele tenha uma grande tendência a capotar. A suspensão independente permite que os ocupantes desfrutem de um conforto muito grande, mas apresentava essa desvantagem.
Por volta de 1964, mais de 35.000 veículos haviam saído das linhas de montagem da Ford e da Kaiser Jeep (que ganharam as concorrências durante 1962 e 1963).
Em 1964 o M151 foi modificado e recebeu um sistema de suspensão traseira mais forte, e designado M151A1. Essa modificação se tornou necessária, pois os sistemas de armas que estavam sendo adaptados ao novo jeep haviam sobrecarregado a suspensão anterior.
O M151 era um carro bastante útil e ágil. O "balde de água fria" veio com os relatórios feitos sobre a questão do perigo. Em 1967 o M151 esteve envolvido em 3.538 acidentes que resultaram em 104 mortes e 1.858 feridos. De acordo com o relatório, 36% dos acidentes aconteceram devido a capotagens não provocadas por colisões. Frase do relatório: "Uma curva completa para a direita ou esquerda (90 graus) a velocidades superiores a 32 km/h, pode fazer um veículo dotado de eixo sólido (M38A1) ou de suspensão individual (M151) descontrolar-se e/ou capotar".
Para tentar sanar o problema, o Departamento de Defesa intensificou o programa de treinamento de motoristas com filmes, palestras, panfletos e comunicados, mas isso não surtiu o efeito desejado e o carro ganhou a fama de altamente instável. Isso levou a um estudo para resolver esse problema de projeto. Tentou-se instalar eixos rígidos em quatro veículos especialmente modificados para isso. Eixos iguais aos MB/GPW da Segunda Guerra, mas o experimento se mostrou insatisfatório.
A partir disso, fizeram-se estudos para melhorar de algum modo a suspenção original acabou se chegando no que seria o M151A2, com suspensão traseira modificada. Os primeiros M151A2 foram recebidos pelo Exército em 26 de Janeiro de 1970.
Os testes revelaram que a velocidade de capotagem do A2 tinha aumentado em 16 km/h em relação à do A1 quando vazio.
Carregado, o perigo era menor, pois ao invés de capotar, ele girava, ou seja, dava um cavalo-de-pau.
A partir disso, fizeram-se estudos para melhorar de algum modo a suspenção original acabou se chegando no que seria o M151A2, com suspensão traseira modificada. Os primeiros M151A2 foram recebidos pelo Exército em 26 de Janeiro de 1970.
Os testes revelaram que a velocidade de capotagem do A2 tinha aumentado em 16 km/h em relação à do A1 quando vazio.
Carregado, o perigo era menor, pois ao invés de capotar, ele girava, ou seja, dava um cavalo-de-pau.
Devido a esse tipo de característica (capotagem) as Forças Armadas Americanas decidiram, no final dos anos 60, não vender mais os excedentes para o publico civil, apesar de algumas unidades terem sido liberadas como “surplus”. Os novos lotes que eventualmente fossem vendidos deveriam ser “desmilitarizados”. Uma palavra meio imprópria para se usar com relação a uma máquina desse tipo, já que não era um veículo militarizado (um civil com equipamentos militares) e sim um puro sangue militar.
O fato é que os veículos dos próximos lotes deveriam ser cortados, achatados ou esmagados em prensas, para que não houvesse possibilidade de serem restaurados à condição original. Apesar disso, outros países que haviam recebido M151s, através de programas de ajuda, acabaram se desfazendo dos veículos sem destruí-los e eles acabaram entrando no mercado civil por uma outra porta.
O fato é que os veículos dos próximos lotes deveriam ser cortados, achatados ou esmagados em prensas, para que não houvesse possibilidade de serem restaurados à condição original. Apesar disso, outros países que haviam recebido M151s, através de programas de ajuda, acabaram se desfazendo dos veículos sem destruí-los e eles acabaram entrando no mercado civil por uma outra porta.
O M151A2 recebeu outras melhorias além da suspensão como, por exemplo:
- Novas lanternas dianteiras, mais visíveis em áreas urbanas.
- Pisca-pisca à prova de água.
- Pedais de freio e embreagem antiderrapantes.
- Limpadores de parabrisa maiores e elétricos.
- Parabrisa maior e em uma peça só.
- Sistema de freios melhor dimensionado.
- Espelho retrovisor interno.
- Lavador de parabrisa.
Frente a frente com o M151
Deixando de lado um pouco o papo histórico e técnico, vou contar a experiência que tive ao dirigir um M151, da primeira série, que pertenceu a um amigo.
Soube, por amigos, que um M151 tinha chegado do Rio e que ele estava num desmanche de carros militares que existia na Rua dos Trilhos no bairro da Moóca em S.Paulo. Antes de qualquer coisa, devo avisar que isso se passou em 1982 e que o referido desmanche nem sequer existe mais. No seu lugar, hoje, existem vários prédios residenciais desses planos que anunciam por aí.
O dono do desmanche era meu amigo (pelo menos eu achava) e depois de algum papo me permitiu fotografar o tal jeep. Quando a lona foi levantada, senti uma emoção fantástica. O carro que eu havia visto pela primeira vez quando era criança, numa foto de revista na sala de espera do dentista, estava ali na minha frente em carne e osso, ou melhor, em aço e borracha. Não sendo um carro adotado pelo Exército Brasileiro, a chance de, algum dia, ver um carro desses por aqui era pra lá de remota daí a minha emoção. Comecei a fotografar o carrinho nos seus mínimos detalhes e tive o cuidado de tentar também fotografar a plaqueta do motor, que era absolutamente original.
Aliás, tudo era original e novo nesse carro. Vários rolos de filme gastos, a grande vontade era dar uma voltinha que fosse para sentir a sensação de dirigir um carro militar bem mais moderno que qualquer outro que já tivesse experimentado. Infelizmente isso foi impossível, pois, pelo que o dono do lugar me disse, enquanto eu fotografava, um cliente antigo dele ligou e havia comprado o carro pelo telefone sem sequer precisar ve-lo. Pelo menos eu havia fotografado e sentado dentro de um genuíno M151 da primeira série.
Aliás, tudo era original e novo nesse carro. Vários rolos de filme gastos, a grande vontade era dar uma voltinha que fosse para sentir a sensação de dirigir um carro militar bem mais moderno que qualquer outro que já tivesse experimentado. Infelizmente isso foi impossível, pois, pelo que o dono do lugar me disse, enquanto eu fotografava, um cliente antigo dele ligou e havia comprado o carro pelo telefone sem sequer precisar ve-lo. Pelo menos eu havia fotografado e sentado dentro de um genuíno M151 da primeira série.
Algum tempo depois, quando saía de uma reunião do Jeep Clube que estava na época localizado no bairro de Moema, dei de cara com um amigo e que estava acompanhado de outro rapaz. Fui apresentado pelo Ivan (meu amigo) ao Ricardo que era amigo deste já de longa data. Papo vai e surge a pergunta: - "Sabe que carro o Ricardo comprou?" Respondi que não. Resposta: "Um genuíno MUTT M151". Quando ouvi isso quase fiquei doido. Era ele o cara que havia comprado o carro que eu havia fotografado. Quando me falaram que ele estava estacionado lá fora, demorei um tempo para saber se eu estava tendo uma alucinação ou aquilo era verdade. Era verdade. O M151 estava estacionado na frente do meu carro e estava mais limpo e reluzente que um Cadilac novo. O Ricardo entendeu o meu olhar e perguntou se eu queria dar uma volta junto com eles. Adivinhem a resposta. Nós três nos revezamos ao volante daquela pequena maravilha durante mais de três horas de passeio. Foi o carro militar mais macio que já dirigi e o que tinha o cambio mais suave e preciso. Sabendo das histórias da tendência de capotagem desses primeiros modelos, dá pra imaginar o cuidado que eu tinha quando era necessário fazer uma curva?
Numa outra oportunidade o levamos a uma área onde pudemos experimentar as capacidades off-road e posso assegurar que dificilmente algum outro carro consegue acompanhar um M151 num terreno acidentado na velocidade que ele desenvolve. Uma excelente máquina que existe em quantidades mínimas por aqui e as poucas que vieram têm alguns problemas para conseguir peças de reposição.
Depois disso, não preciso dizer que eu e o Ricardo nos tornamos muito amigos e ele também dirigiu algumas vezes meu jeep 42.
FICHA TÉCNICA PARCIAL |
Nomenclatura: Veículo de 1/4 de ton, 4x4, utilitário, M151 |
Comp. total: 3,35 mts |
Largura total: 1,58 mts |
Dist. entre eixos: 2,15 mts |
Bitola: 1,34 mts |
Peso liquido: 1.012 kgs |
Sistema elétrico: 24 volts |
Combustível: 56 litros (gasolina) |
Ângulos |
de entrada: 66° |
de saída: 37° |
Carga: 514 kgs (estrada) - 362 kgs (fora de estrada) |
Pneus: 7,50 x 16 - 6 lonas |
Motor: Ford - 4 cilindros - OHV |
Potência: 71 hp a 4000 rpm |
Veloc. máxima: 106 km/h |
que história a desse jipe!!!muito boa!
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